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A ÁGUIA MAIS PODEROSA DO MUNDO

Conheça a Harpia, a ave mais poderosa do mundo!

Recentemente, o ornitólogo brasileiro Bruno Lima compartilhou com a comunidade científica um registro sonoro da harpia (Harpia harpyia) feito em 2012 na região de Itanhaém, litoral de São Paulo. O registro veio à tona após a notícia da instalação da Usina Termoelétrica de Peruíbe, uma vez que a fiação condutora de energia passará pelo local onde a ave foi gravada.

Mas talvez você esteja se perguntando, quem é essa tal de harpia?

Conhecida como harpia, gavião-real, uiraçu e guiraçu, a "Harpia harpyja" é a maior ave de rapina das Américas, e uma das maiores aves do mundo (SICK, 1997). Alguns autores a citam como a ave mais poderosa (BROWN & AMADON, 1968), pois pode medir mais de um metro comprimento, dois metros de envergadura (distância entre as pontas das duas asas) e possuir garras do tamanho das de um urso pardo!

Esta incrível ave de rapina ocorre por grande parte do território brasileiro, embora haja poucos registros para as regiões Sul, Sudeste e Nordeste (devido ao desmatamento, retirada de seu habitat natural). Consta atualmente como “Em perigo (EN)” no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (ICMBIO, 2016). Há também registros de ocorrência em outros países da América do Sul, inclusive, esta espécie de gavião é a ave-símbolo da Venezuela. Na América Central, considera-se que esteja extinta em todo o território acima do Panamá.

O trecho abaixo sobre a descrição da ave foi retirado do livro “Aves do Brasil – Mata Atlântica do Sudeste”, de RIDGELY et al.: “[...] enorme e imponente, muito robusto, com bicos, pernas e garras poderosos. Fêmea bem maior que o macho. Crista bipartida, longa e erétil. Olho âmbar. Adulto com cabeça e pescoço cinza-claros, crista cinza-escura; por cima, cinza-enegrecido. Larga faixa preta no papo; por baixo, branco com coxas barradas de preto; cauda larga e um tanto longa, barrada de preto e cinza. Em voo, asas muito largas e arredondadas, por baixo com uma faixa preta, axilares pretas, penas de voo brancas com faixas pretas. O jovem demora quatro anos para adquirir a plumagem adulta: tem cabeça, crista pescoço e partes inferiores brancos e coberteiras e costas cinza-claras,

e vai escurecendo aos poucos; a princípio, tem cauda com barrado mais fino e coberteiras inferiores da asa sem preto; já há vestígios da faixa preta no papo desde cedo. [...]”. Através desta observação, é fácil imaginar a grandiosidade e imponência deste animal.

Trata-se de um predador de topo. TOUCHTON et al. (2002) relatam que a espécie se alimenta de gambás, preguiças, macacos-prego, bugios, quatis, iguanas, veados e porcos-espinho. Há também várias observações que relatam a predação de outras aves, como araras e seriemas. A harpia é especializada em caçar em meio à mata densa, e como já foi registrado, é incrível a forma com que esta ave se desloca em voo em meio aos galhos e folhas, silenciosamente, sem tirar sua presa de foco.

Mas infelizmente, como grande parte das aves, a harpia sofre com a destruição do seu habitat. A espécie necessita de espaços consideravelmente grandes, que podem ser de até 100 Km² por casal (THIOLLAY, 1989). Necessita também de uma alta densidade de presas para sobreviver, o que explica sua pouca frequência nas regiões Sul e Sudeste (frequência essa associada a movimentos migratórios sazonais). Além disso, não se intimida na presença de seres humanos, o que aumenta o risco de ser morta a tiros de caçadores (RIDGELY et al., 2015).

CONSERVAÇÃO • Projeto Gavião-real: criado em 1997 pelo INPA; • Projeto de Monitoramento do Gavião-real: criado em 2012 pela Secretaria de Meio Ambiente de São Geraldo do Araguaia; • Projeto de Monitoramento de Harpia no Parque Nacional Serra da Bodoquena (PNSB) e entorno: criado pela Fundação Neotrópica do Brasil.

CRÉDITOS Texto: Lucas Lima da Silva (representante do projeto em São Paulo). Imagem: João Souza

Referências SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 912p. WikiAves – Disponível em: https://www.wikiaves.com/mapaRegistros_gaviao-real. Consultado em 20/09/2017 ICMBIO, 2016. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. - Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/comunicacao/publicacoes/publicacoes-diversas/dcom_sumario_executivo_livro_vermelho_ed_2016.pdf Revista Época, A Rainha da Floresta, Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI116148-15228,00-A+RAINHA+DA+FLORESTA.html RIDGELY, R. S.; GWYNNE, J. A.; TUDOR, G; ARGEL, M. Wildlife Conservation Society Aves do Brasil- Mata Atlântica do Sudeste. São Paulo: Editora Horizonte, 2015 BROWN, L., & AMADON, D. 1968. Eagle, hawks and falcons of the world. McGraw-Hill, New York, New York TOUCHTON, J. M.; HSU, Y. C.; PALLERONI, A. Foraging ecology of reintroduced captive-bred subadult harpy eagles (Harpia harpyja) on Barro Colorado Island, Panama. ORNITOLOGIA NEOTROPICAL 13: 365–379, 2002 THIOLLAY, J.M. 1989. Area requirements for the conservation of rain forest raptors and game birds in French Guiana. Conservation Biology, Boston, 3: 128-137. SRBEK-ARAUJO, A.C.; CHIARELLO, A.G. Registro recente de harpia, Harpia harpyja (Linnaeus) (Aves, Accipitridae), na Mata Atlântica da reserva Natural Vale do Rio Doce, Linhares, Espírito Santo e implicações para a conservação regional da espécie. Rev. Bras. Zool. V.23 n.4 Curitiba dez. 2006


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