VOCÊ CONHECE AS AVES PARASITAS?
Você já ouviu a expressão “chupim”, dada para aqueles que se aproveitam dos outros, deixam de fazer suas obrigações? Mas você sabe de onde ela surgiu?
O chopim (Molothrus bonariensis), ave que deu origem à esta expressão, é uma das espécies de aves que se aproveitam de outras para cuidar de seus flhotes. Estas aves são chamadas de “parasitas” (às vezes popularmente conhecidas como nidoparasitas), espécies que durante a reprodução não constroem ninhos próprios, mas invadem sorrateiramente ninhos de outras aves e põe lá seus ovos, geralmente estes camuflados (possuem capacidade de alterar formato de coloração do ovo conforme a espécie a qual será vítima, como uma espécie de “camuglagem”), a fim de evitar cuidar de seus próprios filhotes e então deixar que a outra espécie faça seu papel.
Temos quatro espécies parasitas no Brasil, sendo três destas de mesmo gênero, e uma à parte, de ordem diferente. São estas o popular chopim (Molothrus bonariensis), seus congêneres chupim-azeviche (Molothrus rufoaxillaris), iraúna-grande (Molothrus oryzivorus), e da Ordem dos Cucos, o saci (Tapera naevia). Estas quatro espécies possuem ocorrência por grande parte do Brasil e possuem em comum este hábito parasita.
Esta prática de parasitismo não pode ser interpretada como “preguiça” da ave, mas como uma tática do indivíduo. Aves parasitas não precisam se preocupoar com cuidados para seus filhotes ou ovos, logo poupam seu tempo, e assim, conseguem colocar mais ovos por temporada que demais aves, adquirindo por vezes mais sucesso que as outras. As consequências rendem para a ave vítima, que acaba por perder sua ninhada e terá de se esforçar muitas vezes mais (como no caso do saci, que utiliza aves menores como vítimas) para alimentar o filhote intruso. Aves como o tico-tico (Z. capensis) sofrem muito com estas aves parasitas, e o declínio de sua população está ligado com o fato de que seus filhotes acabam sendo substituídos por um hospedeiro de outra espécie. Foi observado que aproximadamente setenta espécies de aves são alvo dos chopins (M. bonariensis), o que demonstra a flexibilidade de adaptação de sua espécie para esta relação ecológica interespecífica.
Cada uma das espécies parasitas pode possuir uma preferência por espécies vítimas, em relação ao ninho que esta espécie constrói e alimentação. Iraúnas preferem ninhos fechados, enquanto chopins possuem maior flexibilidade quanto à isto.
Para sobreviver, os ninhegos (filhotes que ainda vivem no ninho) hospedeiros sempre dão “um jeito” nos ninhegos e ovos originais da ave vítima. Podem simplesmente utilizar uma formaão especicial no seu dorso para empurrar ovos e filhotes para fora do ninho, ou no caso do saci (T. naevia), os filhotes utilizam seu bico em forma de alicate para matar demais filhotes, logo após nascerem.
A ação destas aves, seus hábitos, mesmo que envolvam a morte dos outros não deve ser vista como ameaça e uito menos repudiada, pois querendo ou não, todo o sistema da natureza funciona como um quebra-cabeça e se você mexer em uma peça ou tirá-la, nunca será possível completar e deixá-lo perfeito.
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Fontes: http://www.wikiaves.com.br/aves_parasitas
http://www.wikiaves.com.br/irauna-grande
http://www.wikiaves.com.br/saci
Texto e informações adiconais por Lucas Menegon.
Fotos: Carlos Eduardo Quaresma e João Souza.